quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Entre curvas e decotes

Será que estamos perdendo definitivamente a compostura? Não sabemos mais o que é público e o que é privado? Onde foi parar aquela pitada de respeito, vergonha ou pudor antes de emitir um simples palavrão, escolher uma roupa para sair e tratar os mais velhos?

Somos parte de um grande Big Brother e já nos acostumamos a ele. Vidas inteiras são escancaradas nas redes sociais sem o menor pudor. O que você faz na cama, na mesa e no banheiro já não é mais segredo para ninguém. Por mais que se cuide, o cara da manutenção do micro dá um jeito de torná-lo público na rede.

Nesse Big Brother internacional em que se transformou a sociedade pós-moderna, a vida das celebridades é pouco para ocupar o tempo das massas. Já imaginou o que seria do mundo sem o Facebook, o Youtube, o Twitter e milhares de blogues para distrair o povo? As pessoas teriam que se ocupar melhor e isso contraria a natureza humana.

Ser celebridade agora é fazer parte do YouTube, cantando “para nossa alegria”, declamando poemas no vaso sanitário, rindo à toa, espancando moradores de rua ou fazendo algo do tipo “Michel Bieber” com o refrão mais louco do mundo: “baby, baby, nossa, assim você me mata”. Falem mal, mas falem de mim.

Das redes sociais para o elevador. Entro num deles sou agraciado com a presença de cinco ninfetas. Em menos de quinze segundos sou bombardeado com nove palavrões em cada frase de dez. Fico na dúvida quanto ao lugar e à idade das meninas. “Foda, merda e caralho” são elogios quando comparados ao vocabulário predominante no recinto. Fico na minha para não ser execrado. Coisa de doido.

Do elevador para o shopping apinhado de gente. Não se sabe mais quem é mãe e quem é filha. Vejo um casal de mãos dadas olhando inadvertidamente as vitrines. A mulher não cabe mais dentro de si com tantos olhares à sua volta. O vestido justo salta aos olhos. Parece que foi picada por um enxame de abelhas nas duas nádegas, visivelmente arrebitadas.

Do shopping para o casamento na igreja, com direito a limusine, coral e dois padres para dar conta do recado. As mulheres estão impecáveis. Difícil saber se estão num desfile, num passeio ou num teste para a novela das nove. É só um casamento, mas a competição – decotes, saias curtas e vestidos justos – desconcerta os padres.

Da igreja para a balada. Quem vai ficar com quem? São tantas as opções. À noite todos os gatos são pardos, não dá para ficar sozinha. Vestido longo já era. O ideal é curto mesmo. Calcinhas à mostra. Seios de furar os olhos da próxima vítima. Pernas bem torneadas sempre ajudam, mas não são suficientes para atrair a presa.

Eu quero mesmo é ser feliz, retruca uma delas, questionada pelo repórter da night curitibana. Ninguém paga minhas contas, diz a outra. Imagino que ninguém queira mesmo pagar a conta, afinal, não deve ser fácil ganhar apenas para se vestir, viver a vida em baladas, literalmente, e perambular de boteco em boteco, à procura da felicidade.

A nova realidade do mundo é essa, aceitável, do ponto de vista filosófico, porém, inaceitável, do ponto de vista da moral e dos bons costumes. O mundo não é mais o mesmo, isso é fato. Se este é o mundo que queremos deixar para os nossos filhos e netos, isso é outra história. A realidade é o que ela é e não o que você gostaria que fosse.

Minhas convicções são muito claras sobre o que é público e o que é privado na vida pessoal. Fora da casinha, diriam alguns. Esquisitices da meia idade, diriam outros. Não quero que mude suas convicções, mas torço para que pense a respeito.

Parei por aqui. Será que as pessoas precisam de tanta exposição para conquistar um lugar ao sol? Por vezes, quando o privado se confunde com o público, acaba, literalmente, na privada.

Pense nisso e seja feliz!

Os perigos da zona de conforto

Depois que eu saí da minha cidade que não era a cidade natal, mas a que minha família adotou logo depois que eu desembarquei no mundo, as palavras de minha mãe permaneceram impregnadas na minha mente por muito tempo. Tenho a plena convicção de que ela queria o meu melhor e, na sua humilde concepção, o melhor naquele momento era ficar onde eu estava.

No dia em que eu saí de casa, minha mãe me disse: filho, vem cá! Passou a mão em meus cabelos, olhou em meus olhos, começou falar: - o que é que você vai fazer em Curitiba? Você nem conhece direito. Fica aqui com a mãezinha, pois você tem emprego, casa, comida e roupa lavada. Além do mais, pode se aposentar na mesma empresa em que seu pai vai se aposentar.

Isso aconteceu há trinta anos e, de fato, meu pai se aposentou depois de anos de bons serviços prestados, na mesma função em que foi admitido, no ano em que nasci. O fato é que eu estava determinado a vir para a cidade grande em busca de algo novo, do desconhecido que nem mesmo eu sabia o que era.

Aquela zona de conforto representada pela tranquilidade das pequenas cidades e pela promessa de trinta e cinco anos de estabilidade não estava nos meus planos. Apesar de tudo, reconheço o esforço do meu pai e a sua infeliz condição de ter sobrevivido e feito o que pode pelos filhos. Isso não é bom nem ruim. É o que a história pessoal de cada um proporciona. O que você faz com as lições que tira de tudo isso é o que torna a vida boa ou ruim.

Durante os meus trinta e três anos de carreira profissional eu passei por oito empresas diferentes. De uma forma ou de outra, eu fui trilhando um caminho após o outro sempre com a esperança de que o próximo fosse melhor do que o anterior. Cada vez que eu percebia a possibilidade de melhorar de cargo ou de aumentar a renda, não pensava duas vezes.

Em 1982, eu abandonei o emprego no antigo Banco Bamerindus para não desperdiçar a chance de ser admitido na Brahma, cujo salário era três vezes maior do que o que eu ganhava e as perspectivas bem mais promissoras. No meu caso específico, a zona de conforto sempre me incomodou.

Tudo o que ser humano em geral mais deseja é um emprego duradouro, benefícios de toda ordem e uma perspectiva de mais ou menos trinta e cinco anos de trabalho até chegar ao que ele chama de feliz aposentadoria. E, se não for pedir muito, não exija muito esforço que o descontentamento torna-se visível.

Em geral, isso é o que acontece com determinados funcionários públicos que estudaram anos para passar num concurso. Depois de se dar conta da realidade à sua volta, perdem a motivação, tornam-se fantasmas remunerados, conspiram contra o governo, envolvem-se em atividades paralelas e, por fim, ficam contando os dias para se aposentar e assim livrar-se da incômoda zona de conforto que eles mesmos ajudaram a produzir.

A zona de conforto é uma opção particular, uma escolha pessoal que não pode ser atribuída a terceiros. Representa a sua filosofia de vida, o seu nível de ambição e o nível de comprometimento com a sua própria evolução pessoal e profissional. É o reflexo da opção inequívoca pela estagnação.

Embora a zona de conforto seja quentinha e aconchegante, ela nunca será promissora. É duro sair da cama com menos dois graus centígrados lá fora, mas se você não fizer isso, o gelo não sai do carro sozinho, a comida não chega até a sua cama, os clientes não aparecem com o pedido na mão tampouco o patrão vem na sua casa perguntar se você está bem.

Na medida em que você permite, a zona de conforto vai atrofiando a sua capacidade de resposta e você torna-se tão vazio e insosso quanto aquele seu tio ranzinza que não sabe fazer outra coisa na vida senão ficar reclamando do governo e da comida da sua tia sem se desgrudar do controle remoto.

Por que você deve sair da zona de conforto? Poderia escrever um tratado sobre isso, mas vou lhe dar apenas quatro razões. Ainda que isso possa mexer com os seus sentimentos, dificilmente vai mudar a sua história se você mesmo não estiver determinado a mudá-la.

Mais dia, menos dia, você será obrigado a sair da zona de conforto: as dificuldades são transitórias e como a incerteza é a única certeza visível, quanto mais você enfrenta os problemas, mais chances têm de sobreviver nesse mundo que em todo momento vai testando a sua capacidade de superação.

Tudo na vida é experimentação, dizia Emerson, o grande pensador norte-americano, portanto, experimentar, arriscar de vez em quando ou tentar coisas novas ajudam a melhorar o nosso protótipo. E não há como melhorar algo se você não pensa diferente nem se esforça para isso.

Uma vida mais interessante e desafiadora: imagine que no dia da sua partida alguém faça um comentário do tipo “falecido era tão bom!” É muito pouco para uma pessoa que tem o mundo à sua disposição para fazer algo diferente e produtivo em favor da humanidade. São os desafios, e não apenas as conquistas, que tornam a vida interessante.

A zona de conforto é o começo do fim: no dia em que você acreditar que já fez tudo ou aprendeu tudo você estará perdido; que não evolui simplesmente regride; o ápice da sabedoria ocorre nos segundos que antecedem o exato momento de você ir embora, porém, meu amigo, nessa hora já não dá tempo de fazer mais nada.

Pense nisso e seja feliz!

http://www.jeronimomendes.com.br/pensamento/corporativo/423-os-perigos-da-zona-de-conforto

A empresa dos seus sonhos

Quer dizer que essas empresas são ruins para trabalhar? É óbvio que não. São excelentes em algum aspecto, de alguma maneira, em algum momento, para alguém, mas não para todos. Em geral, a frustração ocorre pelo fato de as pessoas alimentarem falsas expectativas em relação ao que a empresa pode fazer por elas em vez de se apegarem ao conhecimento a ser adquirido nessas empresas, o qual poderá ser levado para o resto da vida. De fato, o pensamento das pessoas está sempre voltado para o salário, os benefícios e o prestígio que se pode conquistar ao trabalhar em empresas de projeção nacional e internacional. É muito mais interessante, desafiador e tentador começar numa empresa grande e consolidada do que trabalhar em empresas que ainda estão tentando se encontrar no mercado.

Para muitos, a empresa em que trabalham não é uma simples questão de escolha, mas uma questão de necessidade ou de sobrevivência. Para outros, falta de opção, de amor próprio, de orientação, de ambição e, por vezes, um completo desinteresse, por assim dizer.

Encontrar a empresa ideal para trabalhar é o sonho de inúmeros jovens profissionais que ingressam no mercado de trabalho todos os anos. Este sonho pode durar muito tempo e custar vários empregos até que o profissional, agora já não tão jovem quanto antes, passa a se conformar com a ideia de que a empresa dos sonhos não existe.

Infelizmente, a maioria das pessoas nunca consegue tamanha proeza, pois deposita suas esperanças apenas na própria sorte, na empresa, no chefe ou nas forças divinas em vez de puxar a responsabilidade para si mesmo. Um prêmio como esse não pode ser transferido a terceiros, pois está diretamente relacionado com a capacidade individual de realização de cada ser humano.

Trabalhar em algo que nada tem a ver com a sua vocação original é uma dura realidade para quem passa a vida correndo atrás do sonho fazendo as mesmas coisas, porém esperando resultados diferentes. Quando isso acontece, torna-se impossível encontrar a empresa ou emprego dos seus sonhos.

A empresa dos sonhos nada tem a ver com o número de empregados, o valor do faturamento, o volume de vendas e os salários oferecidos. Tem a ver com a forma de tratamento, o ambiente de trabalho, as perspectivas de crescimento, o sentido de contribuição e a capacidade de realização proporcionada para todos os colaboradores e para a sociedade.

Assim sendo, você precisa reduzir a ansiedade em relação ao que o mercado pode lhe oferecer e, mais importante ainda, em relação ao que você pode extrair dele. A vida é difícil para todo mundo, portanto, encontrar a empresa dos sonhos não é tão simples assim. Você precisa ultrapassar a barreira da vontade para atingir o estágio da força da vontade.

De acordo com Albert Ellis, psicólogo norte-americano, “Obter e manter a força de vontade requer pensamento, sentimento e comportamento. Seu poder inclui a determinação para fazer alguma coisa, o conhecimento de como fazê-la, as atitudes a serem tomadas, a persistência para seguir adiante a perseverança ao longo do processo de escolha.” Isso vale para qualquer área da sua vida.

Se você ainda não encontrou a empresa dos seus sonhos e conhece alguém na mesma situação, deixo aqui algumas dicas que poderão ajudá-lo nesse processo de busca. Isso pode representar toda a diferença em encontrá-la o mais breve possível ou ficar querendo para sempre. Leia e absorva-as com atenção:

 Mesmo que sua empresa atual seja uma experiência excepcionalmente ruim, você ainda é capaz de encontrar alegria na vida, na família, nos amigos e no próprio trabalho; a vida não é só trabalho e o trabalho não é toda a sua vida;

 Procure aceitar - ainda que você não goste - a empresa e o trabalho que você escolheu, e se concentrar em atividades e circunstâncias que lhe proporcionem prazer, satisfação e alegria a fim de evitar desperdício de energia em dores, frustrações e limitações;

 Tenha em mente o fato de que, por mais dolorosa ou pior que seja a situação em que você se encontra, nada é verdadeiramente horrível ou insuportável. Algumas pessoas chegam a sentir saudades daquele clima de terrorismo corporativo quando estão desempregadas;

 Nunca desista e mantenha o moral elevado enquanto tenta encontrar uma empresa que lhe proporcione satisfação profissional. Há sempre um lugar disponível e mais apropriado ao seu jeito de ser e de fazer, portanto, depende muito mais de você do que das empresas.

As palavras de Reinhold Niebuhr, filósofo e teólogo norte-americano, encerram a lição de hoje: “Tenha coragem para mudar as coisas que podem ser mudadas, serenidade para aceitar (não para gostar) as coisas que não podem ser mudadas, e sabedoria para distinguir uma da outra.”

Pense nisso e seja feliz!

 http://www.jeronimomendes.com.br/pensamento/corporativo/380-a-empresa-dos-seus-sonhos
Jerônimo Mendes
Administrador, Coach, Escritor, Professor Universitário e Palestrante
Natural de Ponta Grossa, Paraná.
Residiu em Lagoa, município de Telêmaco Borba, norte do Paraná até os 18 anos.
Radicado em Curitiba, capital do Estado, há 30 anos.
Graduado em Administração de Empresas pela FAE - Faculdade Católica de Administração e Economia (1989).
Pós-Graduado em Logística Empresarial pela FAE Centro Universitário, Curitiba (2001).
Especialista em Processo de Consultoria pelo IEA – Instituto de Estudos Avançados, de Florianópolis, Santa Catarina (2005).
Mestre em Organizações e Desenvolvimento Local pela FAE Centro Universitário  (2006) com tema voltado para a Sustentabilidade e Empreendedorismo Local.
Mais de trinta anos de experiência profissional em empresas como Klabin, Bamerindus, Brahma, Texaco, Volvo e CSN.
Professor Titular da Disciplina de Processo de Consultoria em Cursos de MBA das Faculdades Integradas Santa Cruz em Curitiba/PR – Período: 2005 / 2006 / 2007 / 2008.
Professor Titular da Disciplina de Empreendedorismo na Universidade Tuiuti do Paraná em Curitiba / PR - Período: 2004/2005.
Professor Titular das Disciplinas de Empreendedorismo, Estratégias Empresariais, Negociação, Execução e Tomada de Decisão para os Cursos de MBA da Estação Business School em Curitiba/PR – Período: 2008 / 2009 / 2010 / 2011 / 2012.
Professor Titular da Disciplina de Empreendedorismo, Plano de Negócios e Gestão de Projetos do Grupo UNINTER para cursos de Graduação e Pós-Graduação – Período: 2008 / 2009.
Professor Titular das Disciplinas de Gestão de Conflitos, Administração do Tempo e Trabalho em Equipe para o curso de MBA em Projetos da ESIC – Business e Marketing School – Período: 2009.
Professor Titular da Disciplina de Administração Estratégica, Gestão de Conflitos, Liderança e Gestão Organizacional para Cursos de MBA da Universidade Positivo. Período: 2009 / 2010 / 2011 / 2012.
Especialista em empreendedorismo, planos de negócios, gestão de empresas, com vários artigos sobre o assunto em jornais, revistas e sites especializados na Internet.
Sócio-Gerente da Consult Consultoria de Gestão e Treinamento, empresa com 35 anos de tradição na Região Sul, com a missão de assessorar empresas em todo o país com treinamentos e consultoria na elaboração de planos de negócios, reestruturação, mudança organizacional, avaliação de empresas e gestão organizacional.
Consultor e Palestrante nas áreas de negócios, empreendedorismo, mudança organizacional, comportamento e mundo corporativo em geral.
Autor de Oh, Mundo Cãoporativo! (Qualitymark), Benditas Muletas (Vozes), Encontro das Estrelas (Canção Nova), Manual do Empreendedor (Atlas) e Empeendedorismo para Jovens (Atlas)
Certificado em Executive Coaching e Life Coaching pelo ICI - Integrated Coaching Institute (São Paulo).

sábado, 8 de setembro de 2012

Os 10 erros cometidos pelos líderes Falta de conhecimento, maus hábitos e muito estresse prejudicam o dia-a-dia do gestor e sua relação com as pessoas  
Muito do que é escrito hoje sobre a liderança foca no que líderes de alto nível devem fazer, o que é certamente benéfico do ponto de vista teórico e aspiracional. Mas o que realmente preocupa os líderes no dia-a-dia são os seus próprios erros. Eles erram, mas não por serem pessoas más, mas porque, frequentemente, se atrapalham devido à falta de conhecimento, maus hábitos ou muito estresse. Os erros mais comuns - e, não coincidentemente, os mais danosos - acontecem por causa de interações pessoais equivocadas. Seguem 10 erros que líderes cometem com as pessoas que tenho observado e que, certamente, você também:
1. Não dedicar tempo suficiente para criar laços com as pessoas. Um líder que não está humanamente interessado nas pessoas já começa com o pé errado. Um líder conceitualmente interessado nos outros, mas que não dedica tempo para criar laços com elas, tende a não ter sucesso em suas relações - seja com empregados, colegas, clientes ou acionistas. Um laço é uma profunda ligação emocional, diferente de simplesmente gostar de alguém. Na verdade, você não tem que gostar da pessoa para se relacionar com ela, mas tem de conhecê-la e entender o que a motiva. Isso leva tempo e vai além do simples trabalho diário.
2. Ser indisponível e inacessível. De fato, líderes precisam delegar tarefas. No entanto, delegar não significa se distanciar emocionalmente. Líderes que atribuem tarefas e se desligam completamente do projeto acabam abandonando sua equipe. A boa atribuição de tarefa depende de acessibilidade e conexão contínua. Você pode manter um tipo de ligação ao sinalizar que está disponível, o que não significa que atenderá imediatamente todas as solicitações. Você deve criar canais de comunicação e explicar as pessoas como usá-los.
3. Não focar no desenvolvimento de talentos. Frequentemente, os líderes focam exclusivamente na realização dos objetivos da empresa e acabam negligenciando a necessidade inerente do ser humano de aprender. As pessoas querem expandir suas habilidades e competências ao fazer seu trabalho. Entenda que a aprendizagem é fundamental para atingir resultados. Quando você prioriza o aprendizado, você se torna um grande líder, que sabe detectar e desenvolver talentos escondidos nas pessoas. Ou seja, você se transforma também em um caçador de talentos.
4. Não dar feedback sobre o desempenho. As pessoas têm alto desempenho apenas quando se deparam com sua eficácia. Líderes muitas vezes ignoram essa necessidade e assim as privam de seus futuros. Um feedback honesto pode machucar, mas os grandes líderes sabem como relevar e transformar essa dor de tal forma que as pessoas acabam agradecendo, e pedindo mais! Pessoas talentosas - aquelas que querem aprender - preferem "tomar tapas na cara com a verdade do que serem beijadas na bochecha com uma mentira". Desenvolva sua capacidade de falar a verdade doa a quem doer e, assim, possibilitará um melhor desempenho.
5. Não considerar as emoções. As emoções mais fortes estão relacionadas à perda, decepção, fracasso e separação. Na verdade, pesquisas indicam claramente que a perda, e até mesmo o medo antecipado da perda, influenciam o comportamento das pessoas muito mais do que potenciais benefícios e recompensas. Líderes que ignoram as emoções da perda e decepção cometem um erro gravíssimo, que acaba reduzindo em muito o engajamento dos funcionários. Você pode melhorar muita coisa simplesmente ao se conscientizar destas emoções e demonstrar verdadeiro interesse nas experiências pessoais do indivíduo.
6. Administrar conflitos ineficazmente. Conflitos não abordados impedem a cooperação e alinhamento em torno de objetivos comuns. A tensão, emoções negativas e a polarização se acumulam. Os conflitos tornam-se "bichos mortos debaixo da mesa": mesmo com todos agindo como se o bicho não estivesse lá, o cheiro permeia todo o ambiente. Cabe a você, como líder, colocar expor o corpo e enterrá-lo da maneira correta, resolvendo o conflito. Sua recompensa: ¬ um ambiente prazeroso e que pode desenvolver equipes melhores e mais fortes.
7. Não conduzir a mudança. Sem mudança, nossas organizações, como todos os organismos vivos, perdem vigor e, por fim, morrem. Líderes que não impulsionam a mudança colocam suas empresas em sério risco. Explique os benefícios que as mudanças trarão e saiba que as pessoas não resistem à mudança naturalmente; elas resistem ao medo do desconhecido ou à dor que a transição pode trazer. Seu papel é ser uma base segura, que transmite uma sensação de segurança, estímulo e energia. Em outras palavras, você tem de se importar o suficiente para incentivar a ousadia. Isto é fundamental.
8. Não incentivar os outros a assumirem riscos. Por natureza, o cérebro humano age na defensiva e é avesso ao risco. No entanto, com a prática, intenção e - mais importante - com modelos positivos, as pessoas podem adaptar sua mente para abraçar os riscos. Muitos líderes incentivam seus funcionários a permanecerem na área de conforto, ou, como costumo dizer, "jogar para não perder". Mas os melhores líderes criam confiança suficiente para que os outros se sintam seguros e apoiados para assumirem riscos e "jogar para ganhar". Esta é uma forma ativa e positiva de se comportar, que promove a mudança e realização.
9. Motivação mal-entendida. A maioria das pessoas é movida por "motivadores intrínsecos": desafios, aprender algo novo, fazer uma diferença importante ou desenvolver um talento. Muitos líderes não aproveitam esse sistema de orientação interna, focando em "motivadores extrínsecos" - como bônus, promoções, dinheiro e recompensas artificiais. Claro, você tem de pagar as pessoas de forma justa, porém, tenha em mente que tais motivadores externos distorcem o sistema de motivação interna. Você será um líder melhor quando inspirar as pessoas e passar a entender o que realmente desejam atingir em termos de crescimento e contribuição.
10. Administrar atividades em vez de liderar as pessoas. As pessoas odeiam quando são tratadas como peças de uma engrenagem. No entanto, o gerenciamento se baseia no controle, administração e planejamento de atividades e, portanto, de pessoas. A liderança, por outro lado, envolve inspirar, incentivar e tirar o melhor das pessoas ao criar confiança e incentivar o risco positivo. Para ser um líder e não apenas um gerente, você precisa pensar nas pessoas como pessoas. Isso leva tempo e dedicação, e nos remete aos fundamentos da criação de laços - o erro número um.  

Geoarge Kohlrieser é professor de Liderança e Comportamento Organizacional do International Institute Management Development (IMD). 
http://revistavocerh.abril.com.br/materia/os-10-erros-cometidos-pelos-lideres