quarta-feira, 31 de outubro de 2012


Será que estamos vivendo definitivamente num país que optou pela desonestidade, pelo jeitinho brasileiro, pelo modo mais fácil de conseguir as coisas, custe o que custar? Trabalhar para conseguir algo de maneira honesta, respeitar os mais velhos, cumprir as leis ou torcer pelo sucesso alheio é tão difícil assim?

Estamos no Brasil, amigo, entretanto, o fato de estarmos no Brasil nos permite tudo? Está escrito na constituição ou em algum código moral que as coisas ilícitas são permitidas no país, desde que você não mate ninguém? E se matar alguém, ainda que consiga cumprir ou livrar-se da pena, significa que a sociedade deve perdoá-lo por isso?

Há pouco mais de trinta ou quarenta anos, o conceito de honestidade era mais presente na família, na escola e na sociedade em geral. Havia uma boa noção do que era permitido ou não. Os políticos eram menos dissimulados ou, pelo menos, disfarçavam melhor, e as crianças já saíam de casa mais preparadas e conscientes com relação ao seu dever para com a sociedade.

Havia exceções? Claro que sim, porém, menos escancaradas do que a dissimulação geral que tomou conta da nossa sociedade, infectada pelos vírus da preguiça e da covardia. Aceitamos tudo embora não concordemos com tudo, mas a inércia nos deixa, literalmente, de braços cruzados.

A indignação geral não é suficiente para mobilizar as massas em torno de algo que não se justifica, mas explica toda nossa passividade. Assim, em vez de demonstrar a nossa insatisfação, fazemos piada e, não raro, conseguimos rir da desgraça alheia como se fosse um acontecimento corriqueiro.

Chegamos a tal ponto que, em vez de investirmos pesado em educação, princípios e valores bem fundamentados, estamos preocupados com a falta de duzentos mil vagas nas prisões brasileiras. Trezentos mil vagas disponíveis não são suficientes para acolher parte da nossa sociedade combalida.

Quer saber mais? Um milhão de vagas nos presídios não será suficiente, pois, o problema do Brasil não é espaço nem dinheiro. Vivemos uma crise moral, ética, educacional e política. Carregamos, tristemente, o estigma do jeitinho brasileiro, onde nada é permitido, mas tudo é admitido. A diferença é que ficamos sabendo mais rápido por meio da Internet e da televisão.

A notícia é instantânea, a reação nem tanto. Não ficamos mais chocados com tudo isso. Fazemos como a própria justiça, cega, surda e muda, a menos que tudo isso ocorra no quintal da nossa própria casa. Se somos todos honestos, até prova em contrário, onde foi parar a nossa indignação?

O que a maioria das pessoas aprende dentro de casa é diferente. Não me lembro de ter conhecido alguém cujos pais ensinaram a roubar, matar, enganar, dissimular ou mentir descaradamente. Ao contrário, aprende-se desde pequeno o que é certo ou errado, moral ou imoral, aceito ou não aceito pela sociedade. E no fundo da nossa consciência ainda existe um pouco de discernimento.

Honestidade é algo simples, não requer prática nem habilidade. Basta fazer apenas aquilo que você aprendeu quando era criança: “se não é seu, não pegue”, “pegou por engano, devolva”, “pedir não ofende”, “diga sempre a verdade” e a melhor de todas: “não faça aos outros o que não gostaria que fizessem a você”.

Infelizmente, ser honesto numa sociedade onde a honestidade tem pouco valor é motivo para entrevista na televisão com direito a quinze segundos de fama. Isso justifica um pouco o que se passa no Brasil, atualmente, nessa mistura equivocada de coisas públicas e privadas. Como diria Jean de La Bruyère, ensaísta francês: “Até mesmo os homens honestos precisam de patifes à sua volta. Existem coisas que não se pode pedir às pessoas honestas para fazerem”.

Pensando bem, a que ponto chegamos. Encerro aqui com uma reflexão de Voltaire, filósofo francês, escrita há mais de duzentos anos: “Se você não ensinar as pessoas a serem honestas – no berço, eu diria -, poucas conseguirão aprender essa virtude por conta própria.”

http://www.jeronimomendes.com.br/pensamento/o-que-e/516-o-que-e-honestidade

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Não é o conhecimento, mas sim o conhecimento do conhecimento, que cria o comprometimento.
Não é saber que a bomba mata, e sim saber o que queremos fazer com ela que determina se a faremos explodir ou não.
Em geral, ignoramos ou fingimos desconhecer isso, para evitar a responsabilidade que nos cabe em todos os nossos atos cotidianos, já que todos estes - sem exceção - contribuem para formar o mundo em que existimos [...]
 
1 MATURANA, H. R; VARELA, F. J. A árvore do conhecimento: as bases da compreensão humana. São Paulo: Palas Athena, 2001. 283p
"O conhecimento do conhecimento obriga.
Obriga-nos a assumir uma atitude depermanente vigília contra a tentação da certeza, a reconhecer que nossas certezasnão são provas da verdade, como se o mundo que cada um vê fosse o mundo e não um mundo que construímos juntamente com os outros.
Ele nos obriga, porque ao saber que sabemos não podemos negar que sabemos"
 
Maturana e Varela1

sábado, 6 de outubro de 2012

Feedback: use essa conversa para crescer na carreira

Veja como estabelecer esse contato com o chefe ou os colegas para dizer (e ouvir) o que cada um precisa melhorar

Seu chefe comenta em uma reunião em equipe que você precisa melhorar alguns pontos. Você sente necessidade de dizer ao colega que ele está falando alto demais. Seu par chamou sua atenção para um erro num relatório. E aí? Como resolver essas questões sem entrar em conflito com os colegas ou mesmo com o chefe? A resposta é muito simples: parar e sentar para uma conversa franca – ou um feedback, como diz a linguagem corporativa.

Quem já passou pela experiência de receber um feedback sabe que nem sempre é fácil. Você se vê sentado na frente do seu gestor ou coordenador, está tenso, suas mãos suam, seus pés se movem involuntariamente embaixo da mesa. É claro que todo momento de avaliação gera expectativas e, muitas vezes, tensão, mas o feedback não é nenhum bicho de sete cabeças e, se você souber usá-lo a seu favor, a ferramenta só vai ajudar a crescer profissionalmente. Segundo Jade Carvalho, da consultoria DMRH, esse retorno é importante para discutir resultados e direcionar o profissional sobre seu desempenho. “É um momento para alinhar as expectativas, tanto do gestor quanto do profissional que está recebendo o feedback, além de ser uma troca fundamental para o crescimento e melhoria na rotina de trabalho”, diz ela.

Apesar de o feedback ser um tema bastante citado, poucos profissionais – especialmente os mais jovens – entendem de fato qual é a sua dinâmica. Por exemplo, você sabia que existe feedback positivo? Negativo também, é claro. Há o feedback entre pares de trabalho, já ouviu falar? Confira abaixo os tipos de feedback e a melhor forma de lidar com cada um.

Negativo - Nem sempre é fácil ouvir o chefe ou par enumerando falhas ou dizendo que você não está superando suas expectativas. É difícil ser avaliado, ainda mais quando o retorno não é positivo. Por isso, é importante manter a cabeça aberta, ouvir e refletir sobre as opiniões do gestor. Ficar na defensiva e não procurar entender a opinião do outro só vai piorar as coisas. Afinal, as críticas fazem parte do trabalho e podem ser o ponto de partida para ser um profissional melhor.

Positivo – Maravilha! Quando o feedback é positivo, o chefe (ou par) expõe ao profissional comportamentos e atitudes que vêm gerando bons resultados e o incentiva a continuar no mesmo caminho. No entanto, há sempre espaço para evoluir. Por isso, durante o retorno, os envolvidos podem pensar em como atingir novas metas e crescer ainda mais.

De chefe para subordinado – É o tipo mais comum de feedback. É papel do gestor apresentar para o funcionário os pontos negativos e positivos de sua atuação, sempre propondo sugestões para melhoria. Jade Carvalho, da DMRH, explica que esse é um momento de troca, pois juntos, gestor e funcionário, podem criar planos de ação e estabelecer metas que devem ser atingidas. “O feedback ajuda o profissional a ‘enxergar’ questões que para ele não eram claras e, conseqüentemente, aprimorar seu perfil profissional”, completa.

Entre pares – Menos comum, esse tipo de feedback pode ser uma boa saída para melhor o trabalho em equipe e alavancar os resultados de um  time, explica Beatriz Maluf, sócia da Vereda Recursos Humanos. O ponto de atenção aqui é nunca se colocar na posição de chefe, já que os dois profissionais envolvidos estão no mesmo nível hierárquico. Esse tipo de atitude só vai colaborar para a inefetividade da conversa. Por isso, reúna exemplos de comportamentos ou atitudes que estão prejudicando os resultados profissionais e explore esses tópicos com seu par. Juntos, pensem em um plano de ação para resolver tais questões.

Do subordinado para o chefe – Não é o mais usual, porém, há gestores que, no momento em que estão dando o retorno para o subordinado, dão espaço também para o funcionário expor seus pontos de vista. Nesse momento, vale usar as regras do feedback, como dar exemplos concretos e sempre focar na crítica construtiva, buscando apresentar exemplos do dia a dia para que não restem dúvidas. Lembrando sempre que o feedback, deve conter elementos positivos e negativos, e nunca apenas críticas.

Como receber - Para garantir a efetividade do feedback, é válido anotar os pontos críticos citados pela pessoa que conversou e refletir sobre o que foi falado. Jade explica que é interessante agendar uma segunda conversa, em um tempo estipulado pelo gestor, para discutir se as estratégias e planos de ação para melhorar possíveis pontos negativos que foram colocados em prática. É esse segundo feedback que vai determinar se o primeiro realmente gerou resultados, garantindo que o profissional se desenvolva e cresça. Afinal, seria inútil apontar situações problemáticas e depois não avaliar se foram solucionadas.

Como falar - A comunicação é um ponto que pode definir se um feedback será bem ou mal sucedido. Para isso, deve-se apresentar situações do dia a dia como exemplo, além de usar uma fala clara e objetiva, evitando mal entendidos ou interpretação diferente. “É preciso entender o perfil do profissional que irá receber o feedback, a forma que ele se comporta frente à diversas situações, como reage, como se organiza e se estrutura. A partir disso, desenha-se como o feedback será transmitido”, explica Jade, da Cia de Talentos. A consultora explica que há profissionais que preferem receber feedback de forma mais assertiva, ou seja, “sem rodeios”, porém há quem não reaja bem a esse estilo. De qualquer forma, completa Jade, o fundamental é sempre ter exemplos que ilustrem o feedback que será dado, evidenciando o contexto, a ação e os resultados. Assim, o retorno deixa de ser uma conversa subjetiva e se torna um retorno concreto, com mais chances de gerar resultados positivos no futuro.

Tem hora e lugar – Outro preocupação importante é a escolha do momento certo para o feedback. É importante escolher uma sala apropriada, sempre num lugar reservado. Isso evita que o funcionário se sinta exposto, explica a consultora. Segundo Beatriz, da Vereda RH, não existe uma frequência ideal para o feedback. Isso vai depender muito do tipo de negócio e da dinâmica da própria equipe. Porém, ela pontua que o feedback deve ser periódico e usado sempre que o gestor ou funcionário sentir necessidade.
http://clickcarreira.com.br/querocrescer/2012/9/24/4715/feedback-use-essa-conversa-para-crescer-na-carreira.html

Talentoso ou esforçado?

 Fala-se muito que é preciso ter talento e paixão pelo que faz, mas pouco se discute o quanto a vida profissional exige esforço e resiliência

Para se destacar no mercado de trabalho o talento é mais importante que o esforço e a dedicação?

Hoje em dia, fala-se muito que é preciso ter talento e paixão pelo que faz, mas pouco se discute o quanto a vida profissional exige esforço e resiliência para lidar com as frustrações e cenários nem tão positivos assim. A construção de uma carreira de sucesso vai muito além dos slogans que estamos acostumados a ouvir, exige do profissional uma boa dose de dedicação e paciência para lidar com a rotina, com os problemas e algumas mudanças não desejadas.

Dúvidas, erros e comprometimento fazem parte da história dos melhores profissionais que conheço e que gostam muito do que fazem. Os maiores líderes de empresas são profissionais mais do que talentosos, que se esforçaram e imprimiram muita dedicação em suas carreiras. Afinal, em um ambiente com tantas pessoas talentosas que às vezes têm talentos tão similares, o comprometimento faz muita diferença.

É claro que o ideal é a combinação de talento e esforço, no entanto, talento sem esforço pode levar à arrogância ou pouca ação de fato. Já o esforço sem talento pode levar a importantes aprendizados e valiosos resultados. Para identificar, fortalecer e aprimorar talentos é preciso muito esforço e dedicação. Contar com a certeza que o talento será visto e valorizado sem esforço é deixar de ser protagonista da própria história.

Por fim, deixo a dica de Gilberto Dimenstein: “Na construção de carreira e da vida de forma geral é preciso que haja dedicação e uma vontade genuína de querer aprender. Não há talento que se mantém se não estiver aliado a um constante esforço da nossa parte. É importante que o jovem em início de carreira busque o sucesso naquilo que faça sentido para ele e ouça apenas um bom conselho: ‘Não leve em conta conselhos de quem te mostra caminhos fáceis. Não há atalhos.’”

Renata Magliocca é formada em psicologia e pós-graduada em Mediação de Conflitos pela PUC – SP. Autora do livro “Carreira: você está cuidando da sua?” junto com a Sofia Esteves e Danilca Galdini. Professora convidada da FIA-USP e é gerente de inovação da Cia de Talentos.

http://clickcarreira.com.br/querocrescer/2012/9/28/4739/talentoso-ou-esforcado.html